7.12.10

Heretic - Retroanálise


Heretic é um jogo que ficou conhecido pelo título duvidoso de “O primeiro clone do Doom”, no entanto, isso não o impediu de ser um sucesso de vendas, criar uma sequela, uma expansão e uma continuação espiritual (Hexen). Mas, será que o jogo é apenas uma tentativa descarada de fazer dinheiro? Afinal a própria ID software, responsável pelo Wolfenstein 3D, Doom e Quake ajudou a Raven Software na criação deste jogo.
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Retroanálise

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Na sua essência, Heretic é um FPS à moda antiga, inimigos a 2D, banda sonora inspirada no Heavy Metal e hard rock, sangue, demónios, violência, e tudo aquilo que Doom nos habitou, existe até quem chame a estes jogos de “Deathmetal FPS”, no entanto, este jogo tenta quebrar (ligeiramente) a norma, afinal, isto porque usa um setting medieval, algo que ainda hoje não é comum vermos num FPS e que até pode chamar a atenção a alguns jogadores que estão mais habituados a jogar RPG's. O problema no entanto é que na sua grande maioria as diferenças de setting são meramente cosméticas.

O facto de este ser um jogo medieval cria mudanças drásticas, pois se no Doom tínhamos demónios vindos do inferno que disparam fogo, no Heretic temos demónios vindos do inferno que disparam fogo...e que voam(!).
Ironia à parte este é o maior problema do Heretic, existem demasiados parelelismos com o Doom para serem ignorados e a mudança de setting não serviu de grande atenuante. Isto porque que a forma como as armas funcionam são quase idênticas entre os dois jogos, se no Doom tens a serra eléctrica, pistola e a caçadeira; neste tens as Gauntlets, o Bastão que dispara magia e a besta respectivamente. Estas semelhanças estendem-se também para os inimigos, existem monstros que só te atacam de perto, mas, com muita resistência física, outros que preferem ficar afastados, inimigos invisíveis, salas em que a iluminação é reduzida e como tal não consegues ver quase nada, etc.

No entanto, Heretic tem uma boa inovação que o distingue dos outros FPS do seu tempo, este decide aproveitar a sua temática de fantasia para retirar alguma inspiração dos RPG's. Através do inventário onde podemos guardar itens e utilizar-los quando nos der mais jeito, temos poções que nos curam, bombas relógio, anéis de invencibilidade temporária e o meu favorito, um ovo que transforma os teus inimigos em galinhas...galinhas com sede vingança, infelizmente a utilização deste inventário é desnecessariamente complicada, as teclas não estão situadas nos melhores lugares e às vezes demoramos demasiado tempo a chegar ao Item que queremos usar.


Quanto ao grafismo não há muito para dizer, se jogaram Doom já sabem o que vos espera, um FPS em que os inimigos ainda estão em 2D e com gráficos altamente pixelizados, apesar de tudo, ver o interior dos castelos e edifícios medievais com esqueletos e manchas de sangue espalhadas por todo o lado ajudam na atmosfera e à imersividade.

Tal como disse anteriormente, este género de FPS é ocasionalmente mencionado pelos fãs como “Deathmetal FPS” e a banda sonora faz justiça à sua designação, às vezes sinto que  pessoalmente não considero as músicas particularmente memoráveis nem tão boas como as que encontramos em Doom, mas lá desempenham bem a sua função desde que escolham o hardware de som correcto (no meu caso foi o general midi).


Heretic é composto por 3 episódios, cada um com um número decente de missões e com segredos para explorar, as missões iniciais são um pouco curtas, mas, estas vão progressivamente crescendo. No entanto, sinto que já nos últimos  níveis, o tempo de que nos leva para completar-los foi inflacionado artificialmente, isto porque os níveis começam a ficar confusos e podemos perder-nos facilmente.
Heretic é sem dúvida um Doom clone em todo o sentido da sua palavra, não que isso seja mau, se vais clonar um jogo então clona jogos bons como o Doom, se gostam deste vão gostar do Heretic, o problema no entanto é que provavelmente o vosso tempo seria melhor passado a jogar o Doom de novo....ou o Quake....ou o Blood....ou Duke Nukem.

Se não gostam do Doom, o melhor que têm a fazer é evitar o Heretic.

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*Este artigo fez parte integrante da revista gratuita e digital PUSHSTART n.º3, podem ler a revista aqui ou fazer o download aqui

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