31.3.11

Streets of Rage - Retroanálise


A Mega Drive é sem dúvida a consola mais nostálgica para os portugueses e muitos recordam com saudade o extraordinário bundle que incluía o Sonic e o excelente “Mega Games II” que continha, num só cartucho: Shinobi, Golden Axe e Streets Of Rage. Estes dois últimos jogos inserem-se exactamente no mesmo género, “beat'em up” ou “brawler” e não é certo qual seria exactamente o melhor jogo.

Pondo a imparcialidade de lado, para mim, Streets of Rage é sem dúvida o melhor jogo no género que se insere, sendo provavelmente o jogo que mais vezes acabei em qualquer consola. Isto não por ser um jogo fácil mas sim por ter uma dificuldade suficientemente bem doseada que o torna desafiante mas não frustante (um dos problemas do Golden Axe).
Numa introdução simples descobrimos que um sujeito qualquer domina a cidade e cabe a Axel, Adam ou Blaze dar cabo dele e do seu numeroso bando de delinquentes. Este enredo básico não tem grande importância pois o que interessa mesmo é a jogabilidade.

O jogo resume-se a dar pancada a tudo que nos aparece à frente num óptimo exercício para desenvolver os polegares! Cada um dos três personagens seleccionáveis tem um estilo de luta diferente, sendo Axel provavelmente o mais consistente o único personagem que se manteve como protagonista nos três jogos da série.

A forma de jogar, tal como na maioria dos jogos da época não podia ser mais intuitiva e simples. Com o botão C salta-se, com o B dá-se murros e pontapés e com o A pede-se a ajuda preciosa ao carro de polícia que bombardeia todo o local (sorte a nossa nunca nos acertar)
Temos que passar 8 níveis enfrentando lacaios cada vez mais desenrascados já para não falar dos Bosses que são ossos duros de roer com destaque para os “gémeos gorduchos cuspidores de fogo” e as “raparigas saltitonas”.
A jogabilidade é quase perfeita, simples e divertida. É irritante apenas quando carregamos acidentalmente no A gastando desnecessariamente a ajuda preciosa do nosso amigo no carro de polícia.

 
Por fim chegamos ao Big Boss Mr. X que dá-nos a hipótese de nos unirmos a ele. Esta escolha pouco convencional é divertida apenas se jogada com um amigo pois teremos um confronto de um contra o outro (como se já não o tivéssemos feito em várias ocasiões ao longo do jogo). O crime não compensa pois se formos por esta via, depois do resultado da luta somos forçados a voltar dois níveis atrás e livrar-nos dos ressuscitados capangas até chegar à verdadeira batalha final com o Mr. X (que felizmente guardou as munições todas para si ou seria bem mais complicado enfrentar o seu exército se todos estivessem equipados com armas de fogo).

Os gráficos são bons para a altura e não se aguentam mal vistos hoje em dia. São Perfeitamente funcionais, com um bom detalhe e design de personagens. É um clássico imediatamente reconhecível.
A banda sonora é bastante boa, basta ouvi-la para recordar imediatamente o jogo. Há que dar destaque aos temas dos Bosses, particularmente motivadores para alegremente dar cabo daqueles tipos. Os efeitos sonoros são de qualidade um pouco duvidosa mas isso só acrescenta mais alguma nostalgia ao jogo.
Streets of Rage era um jogo obrigatório em 1991 e ainda é um jogo muito recomendável agora, principalmente jogado com um amigo.

Numa nota final para os fãs da série, está quase pronta uma versão freeware do jogo chamada “Streets of Rage Remake”. É um projecto de fãs para fãs que contará com o impressionante número de cerca de 100 níveis e 18 personagens à escolha! Mais informações aqui.





29.3.11

Dune 2 - Retroanálise



A sequela de Dune foi lançada apenas alguns meses depois do primeiro jogo, normalmente quando dois jogos da mesma saga têm um espaço tão curto a separa-los é de esperar que o segundo seja apenas um “copy-paste” do anterior, mas a verdade é que Dune 2 é um jogo tão diferente do primeiro que nem parece fazer parte da mesma saga.
O jogo foi lançado no mesmo ano do seu antecessor para Ms-DOS, Amiga e mais tarde até teve direito a uma versão megadrive, mas para esta análise vamos-nos focar apenas na versão PC.

Hoje em dia Dune 2 é considerado como o primeiro RTS criado, mas isto é apenas uma meia-verdade, antes deste jogo já existiam tentativas de se criar um jogo de estratégia em tempo real, como o Stonkers, Ancient art of War, Herzog-Zwei e até o primeiro Dune tinha uma forte componente de RTS, no entanto, foi este o jogo que criou a fórmula e as bases pelos quais os jogos actuais se regem, como a construcção de uma base militar, o treino e montagem de soldados e veículos, a recolha de minérios preciosos que servem como moeda de troca para as funções previamente descritas e a afixação de objectivos para cada missão (geralmente a destruição do inimigo).


Se já jogaram algum RTS é provável que estejam mais que familiarizados com a fórmula, usam o rato para escolher as vossas unidades e edifícios e daí dão-lhes as ordens que acharem mais conveniente, estas podem ser guardar, mover, atacar, retirar, construir, reparar ou recolher dependendo da unidade ou edifício em que clicam, pois se algumas unidades apenas têm fins militares, outras servem para construção ou recolha de minerais.
É vos dada também a escolha de 3 facções diferentes, em teoria estas têm filosofias de vida e motivos diferentes para conquistarem o planeta Dune, mas na prática existem poucas diferenças entre as facções, cada uma tem um poder especial e um veiculo militar que lhe é exclusivo, mas estes só podem ser adquiridos nas ultimas missões do jogo, de resto as suas diferenças são tão mínimas que pouca ou nenhuma influência têm no jogo, seria no entanto de esperar que isto tornasse as facções equilibradas, mas tal não acontece, a verdade é que as unidades e poderes especiais exclusivos estão muito mal distribuídos criando um sério desequilíbrio a favor da facção Harkonnen, estes têm o tanque mais poderoso do jogo e o seu poder especial é um míssil nuclear que pode devastar uma base inimiga com um só clique, felizmente (ou infelizmente dependendo da vossa perspectiva) a I.A. do jogo não sabe compensar pela falta de precisão do míssil.

Isto leva-nos à minha próxima critica, a inteligência dos nossos oponentes, estes são francamente.... burros, o jogo não usa tácticas nem estratégias, este vai passar o jogo inteiro a atacar sempre os mesmos alvos independentemente da vulnerabilidade quer dos seus alvos quer de outros pontos da nossa base e fá-lo sempre em linha recta, ou seja, o jogo nem sequer nos tenta flanquear ou enganar, para compensar pela (falta de) inteligência do jogo, os programadores deram algumas vantagens injustas à máquina, para começar esta recebe algum dinheiro sem ter que o minar a intervalos fixos, pode também construir edifícios quase tão rapidamente como nós os destruímos e pode construir-los sobre as nossas unidades atacantes, ou seja, coloca-o sobre os nossos tanques, ficando intacto e nós perdemos as nossas unidades,  infelizmente o jogador não tem a opção para utilizar esta táctica, outro problema que o jogo tem é o facto de nós apenas poder-mos escolher uma unidade individualmente, isto quer dizer que quando criamos uma grande força de ataque, temos de enviar cada unidade uma a uma, o que torna o processo monótono.

Mas verdade seja dita que mesmo com estas vantagens os inimigos são tão fáceis de se lhes dar a volta que mesmo nas ultimas missões em que estamos a enfrentar 4 exércitos em simultâneo a dificuldade é no pior dos casos apenas moderada, aliás, é tão fácil de dar a volta à I.A. com um pouco de prática conseguimos fazer com que esta  dispare sobre os seus próprios edifícios, podemos até construir uma base nova em alguns pontos do mapa onde a I.A. nunca nos atacará porque não está programada para tal, no entanto é difícil criticar o jogo por isso, a verdade é que tendo em conta as limitações do hardware da época, a Westwood fez um trabalho incrível,
É difícil de julgar os gráficos pelo simples facto que, antes de Dune 2, nunca houve nenhum jogo igual, apesar de tudo os gráficos são bastante agradáveis, as bases são coloridas e detalhadas, os desertos são áridos e perigosos, e as explosões são sempre um festim para os olhos, principalmente quando é uma base inimiga que explodiu.
Temos também direito a algumas cutscenes no jogo que estão visualmente espantosas para a altura.


A banda sonora do jogo é muito boa, as músicas techno combinam bem com o ambiente futurista do jogo e estas mudam de acordo com o que está acontecer no jogo, se estamos num momento calmo a música é também calma, mas se estamos numa batalha este muda o seu ritmo. Os efeitos sonoros são também muito bons em particular as vozes, todas as nossas unidades têm voz e até nos dizem quanto estamos a ser atacados.

Ao todo temos 3 facções, cada uma com 10 missões, no entanto estas missões tornam-se um pouco repetitivas, consistindo quase sempre em destruir o inimigo.

Dune 2 não é perfeito, mas muito dificilmente o seria, no entanto deixou-nos um grande legado, é óbvio que a Westwood queria que o seu jogo ficasse na história porque esta não poupou esforços em nada, gráficos, música, jogabilidade, para a época não se podia esperar mais, ainda hoje é um jogo muito divertido e é bom para quem nunca tocou num RTS, melhor ainda, o jogo é abandonware, podem fazer o download do jogo de graça e dentro da legalidade.
Gonçalo Tordo




14.3.11

Benny Hill Madcap Chase


Benny Hill foi um actor cómico britânico, famoso sobretudo pelo seu programa de televisão The Benny Hill Show. A melhor memória que eu tenho do programa é a de um segmento em que Benny e um amigo eram Lixeiros tão entusiasmados pelo seu trabalho que punham tudo dentro do camião do lixo, desde lixo propriamente dito a mobiliário em bom estado e a velhotas em cadeira de rodas.

Outro chamariz do programa seria a inclusão de belas inglesinhas em trajes menores…que agora teriam idade para ser nossas avós.
O Show apresentava conjuntos de segmentos cómicos que envolviam muitas vezes perseguições a pé, em câmara rápida, acompanhadas pela famosa música do programa que toda a gente já está farta de ouvir.
Ora o jogo lançado em 1985 para o ZX Spectrum parece basear-se nessas perseguições pois tomamos controlo das acções de Benny que tem de roubar roupa e fruta sem ser apanhado.
Os gráficos deste jogo são bastante bons para a altura visto que a produtora, DK'Troniks, optou por seguir o mesmo estilo gráfico do seu sucesso anterior (um jogo do Popeye) em que as personagens têm um tamanho bastante maior do que é habitual neste tipo de jogos, o que lhes permite um grande nível de detalhe.

O som é quase inexistente mas talvez isso até tenha sido um acto de piedade dos criadores do jogo visto que ouvir continuamente uma versão 8 bits da canção-tema do programa deve ser duro…
Em termos de jogabilidade em si… era má! Bastante má mesmo! Os personagens correm muito lentamente (completamente ao contrário do que acontecia no programa de televisão) e este é um jogo que penso ter sido ambicioso demais para a época…porquê? Porque todo o jogo consiste em mover Benny entre 4 níveis de profundidade para que ele possa evitar os obstáculos na rua e o agricultor, a senhora da roupa e o sinaleiro carrancudo (seus arqui-inimigos) enquanto ele rouba roupa interior e fruta. Num jogo com gráficos puramente bidimensionais numa perspectiva completamente lateral é quase impossível perceber se uma cabine telefónica se encontra no plano mais próximo ou no mais afastado sendo a decisão tomada muitas vezes simplesmente ao calha. Ainda por cima os objectos “misteriosamente” mexem-se sozinhos por isso não adianta decorar o plano de cada um porque numa segunda passagem já não será o mesmo.


Se existe um jogo absolutamente relevante de ter um remake em versão 3D estereoscópico é este pois em 2D ele simplesmente não funciona. Saísse uma nova versão de Benny Hill Madcap Chase para a 3DS e seria um jogo simples (e repetitivo à brava) mas perfeito para demonstrar as potencialidades do 3D a nível de jogabilidade pois, efectivamente seria simples de perceber para onde nos deveríamos deslocar.
E nada me tira da cabeça que este terá sido um precursor de GTA pois os ingredientes base de roubo e perseguições já lá estavam todos…. Duma forma mais inocente e a pé.





11.3.11

CES 1990 - A última grande expo

Antes da E3, a indústria dos videojogos divulgava anualmente nos EUA, os seus produtos na CES (Consumer Electronics Show). No seu último grande ano, em 1990, tal como hoje, havia diversos lançamentos com enorme Hype. Vamos agora (21 anos depois) rever algumas curiosidades e jogos mais mediáticos dessa exposição.

 
Antes de tudo, convém observar acima, a disposição dos vários gabinetes. Como podem ver, na época a Nintendo era a empresa com maior representação na CES, seguida da Sega e da NEC. Estas duas últimas apostavam fortemente nas suas consolas de quarta geração - Genesis/Mega Drive e Turbografx 16. Os outros grandes representantes eram as produtoras de software; a Konami, a Taito e a Tengen (subsidiária da Atari).

A Nintendo nesse ano apostou na divulgação massiva do seu Game Boy, podem ver abaixo diversas estruturas com os jogadores a experimentarem a  "nova" consola, e um vendedor entusiasmado a falar dos diversos jogos.



Nesse ano, havia ainda outro sistema nipónico [NES] a ser suportado, e Super Mario Bros 3 era o fenómeno de vendas:


Do lado dos periféricos e merchadising não faltam artigos, desde o mais útil ao inútil. Podem ver na imagem seguinte a quantidade de itens desenvolvidos para o consumidor ter uma experiência de jogo "mais gratificante".

Não faltavam controlos alternativos...


...ou artigos para o consumidor viver os videojogos no conforto do lar.

 
Comandos de movimento? Ora bem, já existiam nesta época, neste caso foi anunciado o U-force.

 
Final Fantasy conheceu finalmente a sua aparição no ocidente.

Do lado da Sega (maior concorrente da Nintendo) a batalha vinha também em várias frentes. A Master System ainda tentou assumir-se (timidamente) no mercado e a Genesis começou a demonstrar as suas capacidades, juntamente com a sua biblioteca de Arcade. Sonic ainda era só um projecto nesta época...


 

Como maior curiosidade deste stand, apresentamos aqui o Cosplay oficial da Sega, para divulgar o Golden Axe, Phantasy Star e Moonwalker.


Os verdadeiros símbolos da virilidade (?) Sega...


...ou da Sensualidade (?).


Moonwalker, também esteve presente, numa versão ainda mais farsola.

Se fossem ao gabinete da NEC a tentativa de penetração no mercado chamava-se NEC Turbografx 16 e era um sistema bastante razoável embora nunca tivesse o suporte que merecia. Mesmo assim, aqui fica algumas das imagens da exposição:



Não era uma má consola, mas, o suporte de software era basicamente...pequeno.


Tal como a NES, não lhe faltava periféricos (esta imagem é da CES mas foi publicada numa revista japonesa)

Nos outros pavilhões, também existiam artigos interessantes e os audazes personagens Cosplay tentavam animar os visitantes com os seus "belos" trajes:



Quem são eles? Não sei...


Chip'nd Dale: Rescue Rangers era um dos jogos em destaque nesta CES.


Sexy? Ou talvez não... O que diram hoje em dia (21 anos depois) estas pessoas aos seus netos?


Cool spot também lá esteve... com os braços a saírem da cara??

E foi assim a última grande CES, no ano seguinte apareceu os primeiros esboços para aquela que seria a E3 (1995) e este evento acabou por perder a sua importância progressivamente. Mas, ficam aqui as recordações de um dos acontecimentos mais mediáticos para a indústria dos videojogos ocidental.









10.3.11

PUSHSTART N.º7 - Março, oferta de 4 jogos e 5 bilhetes Animamix



Bem vindos à nova PUSHSTART. Começamos agora outra fase da revista com outro nível de interactividade. Nesta edição podem contar com a oferta de 4 jogos para o vosso deleite e ainda… 5 bilhetes para oAnimamix!

- Top: Lojas de videojogos online

- 4×4: Silent Hill

- Old Vs New: Sensible World of Soccer X  SWOS XBLA

- Reviews:
Ghost trick : Phantom detective, The Shoot, Riven, Magic the Gathering: Tactics, Comand and Conquer: Red Alert, River city Ransom, Total Eclypse, Lemmings.

- Entrevista: Corre – um filme jogável

- Audioviual: Scott Pilgrim vs the world

- Visão: Aspirante a criador de videojogos n.º1

- Tutorial: Ratos – conversão de Amiga para Atari ST

Mais info em: www.revistapushstart.com