5.11.09

A escassez de entretenimento

Numa altura em que não se podiam arranjar jogos facilmente através da Internet e o orçamento disponível de um adolescente também não abunda depois de gastar o dinheiro do almoço num maço de tabaco, o modo de relacionamento de um gamer com outro colega era bastante diferente do que é hoje. Para se poder assegurar alguns dias de diversão com um jogo novo era por vezes necessário recorrer a técnicas de socialização à Bond ou de persuasão dignas de um Corleone.

Os grupos sociais na adolescência são menos permeáveis do que na fase adulta, então, como conseguir o jogo que andas à procura há meses e o único que o tem na tua escola é o beto mais beto do sítio? Sinceramente, já estás a vomitar jornais de tanto jogar Paperboy e isso está a dar cabo da tua sanidade mental e se carregasses para cima dele e com as tuas mãos à volta do seu pescoço, gritasses: “Deixa-me jogar Comix Zone!!”, seria o mais lógico a fazer depois de tantas horas a mandar jornais. Mas não! Tens que te controlar.


Eis as leis a seguir:
1.º Aborda-o quando estiver sozinho. Sempre!
2.º Evita gestos ameaçadores.
3.º Nada de conversa fiada. Vai direito ao assunto.
4.º Tens que ter uma boa moeda de troca, caso contrário vais jogar Paperboy outra vez. :(
5.º Se a conversa durar mais de 5 minutos ou os amigos dele vos toparem, arriscas-te a levar porrada à boa maneira de Streets of Rage, UMvs.UMadatadeles.

Seguindo as regras, entregava-te o jogo passados uns dias, pela mão de outra pessoa, com a data limite a devolver, tipo videoclube. A multa por devolver em atraso? A analogia acima utilizada, a Streets of Rage, funciona mais uma vez na perfeição.
Ah! A nostalgia...

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Por Mário

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