8.10.10

Os videojogos ''infantis'' ou ''adultos'' [2/3]

Segunda parte sobre o debate entre os jogos ‘’infantis’’ e o ‘’adultos’’. O projecto OSVELHOSTEMPOS traz-vos uma pequena viagem temporal e reflectiva, com uma tese sobre; como, onde, quando e porque apareceu esta polémica; através do caso de estudo, baseado numa das empresas mais antigas no mercado dos videojogos – a Nintendo.

[Neste artigo vamos contemplar o período entre a segunda metade da década de 80 e o princípio dos anos 90.]

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Os jogos não-oficiais


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"Bible Adventures" é um jogo não-oficial, além da sua cor característica, distingue-se igualmente por não possuir o selo da Nintendo.




Na grande biblioteca de jogos da NES apareceram jogos não oficiais, ou seja, feitos e distribuídos sem corresponderem aos “critérios de qualidade” propostos pela Nintendo e sem o pagamento das devidas licenças.

Muitas das produtoras de videojogos, desejavam evitar primariamente, o pagamento desses royalities a Nintendo, enquanto no plano secundário, algumas queriam explorar outras temáticas. Nesta categoria destacavam-se os jogos eróticos, muitas vezes apelidados de ‘’jogos adultos’’.

Embora, estes não fossem novidades, pois muitos dos sistemas anteriores conheceram esta temática. Simplesmente muitas empresas, queriam aproveitar o fenómeno [e share] da consola no mercado, para incutir nela os seus produtos, destinados ao público “adulto”. Reconhecendo tratar-se de um nicho não explorado pela vias oficiais.


"Bubble Bath Babes" um dos jogos não-oficiais da NES com conteúdo "adulto"




Quando foram elaborados os “critérios de qualidade Nintendo” através do seu “selo”, uma das intenções era negar o acesso mercantil aos jogos de conteúdo erótico/adulto. Afinal, a NES tratava-se de um produto destinado [maioritariamente] a um público de uma baixa faixa etária.


O sinónimo de “adulto” nesta época, na indústria dos videojogos, significava [quase sempre] ‘’conteúdo erótico ou pornográfico”.

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A Procura do público maduro


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Quando a SEGA apareceu na quarta geração mudou o público-alvo dos jogadores, focando-se essencialmente nos pré-adolescentes; naturalmente, são aqueles jovens que começam a mostrar sinais de rebeldia com o mundo que conhecem. Neste também se incluíam os videojogos e a mais concretamente, a NES. As primeiras campanhas de marketing da SEGA na América do Norte e Europa tentavam transmitir essa ideia. A consola da Nintendo era simplesmente um sistema com jogos “infantis”, de uma escala etária inferior, pertencentes ao “velho mundo”. O jogador devia dar o próximo passo na direcção de um conteúdo mais maduro, algo novo e diferente, ou seja, as suas respostas estavam na Genesis/Mega Drive [1989/90].



A réplica da Nintendo foi feita na mesma linguagem, a sua SNES [1991] trazia igualmente muitos títulos de temáticas semelhantes ao catálogo da concorrência, enquanto continuava a tentar apelar as novas gerações. Curiosamente, alguns dos jogos adaptados a este sistema, devido as políticas da Nintendo, foram obrigados a retirar alguns efeitos [considerados] violentos.



"MortaL Kombat", Esq. - Mega Drive, Drt - SNES.


Na Europa e Portugal, estes fenómenos e discusões foram reflectidos igualmente no nosso mercado. No nosso País começou nesta época [1991] a distribuição oficial de jogos. No entanto, esta era muito fraca, culminado em poucos títulos disponíveis. A própria avaliação dos videojogos, era feita pela CCE, uma entidade sem meios para os avaliar dentro do seu médium especifico, onde normalmente as classificações dos produtos, independentes do conteúdo eram normalmente atribuídas ao público de uma baixa etária.  Estas medidas, juntamente com um público mal informado, contribuíram igualmente para a classificação dos jogos como ''infantis'', junto da comunidade portuguesa.



Continua na terceira parte


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