13.10.10

Arte e videojogos - o especialista [1/2]



As chamadas sete artes da criação humana publicadas originalmente no “Manifesto das sete artes”(1911,Ricciotto Canudo); segundo diversos críticos necessitam de uma nova actualização. Após ter passado quase 1 século (!) desde a sua edição, alguns teóricos reivindicam os videojogos como parte da futura lista das novas expressões artísticas. Enquanto outros recusam entusiasticamente esta adição. Serão os videojogos “arte”?

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«Quem válida uma expressão artística/criativa e humana? Um “especialista”. Como se escolhe o ‘‘especialista’’? Com um “especialista” sobre “especialistas”». Esta forma de validação sobre os objectos da cultura de massas definida pelo filósofo/sociólogo T.Adorno (1903-1969), pode parecer redundante e cómica, mas é igualmente profundamente realista e actual. Afinal, em parte, o ''especialista'' impulsiona o mercado e as suas decisões podem determinar a forma como o fenómeno é transmitido ao resto da sociedade. Surge então, a pergunta “Qual será a autoridade capaz de lhe atribuir tamanho poder?”. Não podemos igualmente descartar a existência de um factor extremamente importante, assumindo-se como predominante, nesta nova forma de expressão – o lucro.

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«Podem os ‘’especialistas’’ apresentarem razões válidas para os videojogos serem considerados «arte»?


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Se virmos do ponto de vista histórico e científico, algumas comunidades académicas recusam-se a analisar qualquer tema da sociedade sem que tenham pelo menos passado 50 anos. Assumindo que este é o tempo mínimo para que o distanciamento e respectivo estudo seja mais profundo sobre qualquer dos  eventos/fenómenos sociais. Sendo os videojogos uma nova indústria com cerca de 40 anos, começa aqui o problema da validação do ''especialista''. Contudo, esta “regra” não deixa de ser polémica ou considerada “antiquada”. Existem outras disciplinas alertando para a imensidade de acontecimentos possíveis numa só década, fazendo com que a regra dos 50 anos seja desadequada para fazer análises a certos tipos de eventos.

Vejamos o caso das artes plásticas. Antes do século XX existiam cerca de 2/3 movimentos artísticos por cada 100 anos, mas durante a última centúria, tivemos cerca de 30 a 50 (!) diferentes formas de expressão artística, explorando diferentes capacidades técnicas e outros médiuns conforme eram possibilitadas. Será válido num mundo rapidamente mutável como se tornou o nosso no último século, esperar 50 anos para validar fenómenos ou eventos e respectivos ''especialistas''?

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«Quantos de nós, consumidores não compramos [erradamente ou não]  alguns jogos ou livros ou  documentários/filmes (sobre videojogos) pela indicação em algum artigo de um especialista?»


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Nos videojogos o problema apresenta-se ainda sobre outra forma, como ainda não existe um consenso sobre quem pode ser um ''especialista'', é extremamente difícil e ao mesmo tempo fácil, encontrarmos pessoas para esta função. Novamente o “lucro” pode entrar nesta problemática. Para o jogador mais atento este facto é óbvio; mas… Quantos de nós, consumidores não compramos um jogo ou livros/documentários/filmes (sobre videojogos) pela indicação em algum artigo  numa revista ou da televisão/internet? Será este tipo de ‘’especialista’’ válido?

Coloca-se assim outras perguntas. Quem são estes ''especialistas'', de onde eles aparecerem , qual é a sua experiência significativa, de que forma podem ser validados? Todas estas questões são legítimas; mas também conseguem colocar mais dificuldades do que resolve-las.

Continua na parte 2


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*Este artigo fez parte integrante da PUSHSTART n.º1, se quiserem ler mais podem faze-lo aqui ou ter o download aqui

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