Heretic é um jogo que ficou conhecido pelo título duvidoso de “O primeiro clone do Doom”, no entanto, isso não o impediu de ser um sucesso de vendas, criar uma sequela, uma expansão e uma continuação espiritual (Hexen). Mas, será que o jogo é apenas uma tentativa descarada de fazer dinheiro? Afinal a própria ID software, responsável pelo Wolfenstein 3D, Doom e Quake ajudou a Raven Software na criação deste jogo.
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Retroanálise
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Na sua essência, Heretic é um FPS à moda antiga, inimigos a 2D, banda sonora inspirada no Heavy Metal e hard rock, sangue, demónios, violência, e tudo aquilo que Doom nos habitou, existe até quem chame a estes jogos de “Deathmetal FPS”, no entanto, este jogo tenta quebrar (ligeiramente) a norma, afinal, isto porque usa um setting medieval, algo que ainda hoje não é comum vermos num FPS e que até pode chamar a atenção a alguns jogadores que estão mais habituados a jogar RPG's. O problema no entanto é que na sua grande maioria as diferenças de setting são meramente cosméticas.
Ironia à parte este é o maior problema do Heretic, existem demasiados parelelismos com o Doom para serem ignorados e a mudança de setting não serviu de grande atenuante. Isto porque que a forma como as armas funcionam são quase idênticas entre os dois jogos, se no Doom tens a serra eléctrica, pistola e a caçadeira; neste tens as Gauntlets, o Bastão que dispara magia e a besta respectivamente. Estas semelhanças estendem-se também para os inimigos, existem monstros que só te atacam de perto, mas, com muita resistência física, outros que preferem ficar afastados, inimigos invisíveis, salas em que a iluminação é reduzida e como tal não consegues ver quase nada, etc.
No entanto, Heretic tem uma boa inovação que o distingue dos outros FPS do seu tempo, este decide aproveitar a sua temática de fantasia para retirar alguma inspiração dos RPG's. Através do inventário onde podemos guardar itens e utilizar-los quando nos der mais jeito, temos poções que nos curam, bombas relógio, anéis de invencibilidade temporária e o meu favorito, um ovo que transforma os teus inimigos em galinhas...galinhas com sede vingança, infelizmente a utilização deste inventário é desnecessariamente complicada, as teclas não estão situadas nos melhores lugares e às vezes demoramos demasiado tempo a chegar ao Item que queremos usar.
Quanto ao grafismo não há muito para dizer, se jogaram Doom já sabem o que vos espera, um FPS em que os inimigos ainda estão em 2D e com gráficos altamente pixelizados, apesar de tudo, ver o interior dos castelos e edifícios medievais com esqueletos e manchas de sangue espalhadas por todo o lado ajudam na atmosfera e à imersividade.
Tal como disse anteriormente, este género de FPS é ocasionalmente mencionado pelos fãs como “Deathmetal FPS” e a banda sonora faz justiça à sua designação, às vezes sinto que pessoalmente não considero as músicas particularmente memoráveis nem tão boas como as que encontramos em Doom, mas lá desempenham bem a sua função desde que escolham o hardware de som correcto (no meu caso foi o general midi).
Heretic é composto por 3 episódios, cada um com um número decente de missões e com segredos para explorar, as missões iniciais são um pouco curtas, mas, estas vão progressivamente crescendo. No entanto, sinto que já nos últimos níveis, o tempo de que nos leva para completar-los foi inflacionado artificialmente, isto porque os níveis começam a ficar confusos e podemos perder-nos facilmente.
Heretic é sem dúvida um Doom clone em todo o sentido da sua palavra, não que isso seja mau, se vais clonar um jogo então clona jogos bons como o Doom, se gostam deste vão gostar do Heretic, o problema no entanto é que provavelmente o vosso tempo seria melhor passado a jogar o Doom de novo....ou o Quake....ou o Blood....ou Duke Nukem.
Se não gostam do Doom, o melhor que têm a fazer é evitar o Heretic.
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*Este artigo fez parte integrante da revista gratuita e digital PUSHSTART n.º3, podem ler a revista aqui ou fazer o download aqui
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